Para o controle biológico das pragas na hidroponia é necessário, antes de mais nada, conhecer os organismos vivos que fazem parte da cadeia biológica. A afirmação é de Luís Cláudio Paterno, pesquisador da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, durante a palestra “Controle biológico de pragas em hidroponia” no I Encontro Sul-Brasileiro de Hidroponia.
Segundo o pesquisador, o controle
biológico na hidroponia só terá sucesso se o produtor conhecer minimamente os
insetos que causam as pragas e os inimigos naturais desses insetos. Por terem
pernas articuladas, exoesqueleto, ou seja, uma “carapaça dura” que protege o
corpo, asas e cinco ou mais corações, os insetos são animais de grande
resistência e possuem facilidade de adaptação nos ambientes em que se
encontram.
Além disso, o potencial reprodutivo
destes animais também é alto. Conforme Paterno só não é maior ainda por
influência da temperatura, da chuva e do vento. Eventuais incidências de
insetos na hidroponia se explica por que ali existe o ambiente ideal para a
vida do inseto (pouco vento e temperatura agradável, por exemplo). Segundo o
palestrante, não é possível interferir nas características físicas dos insetos,
mas para diminuir a incidência das pragas na hidroponia uma alternativa viável
é a predação (quando um ser vivo come outro ser vivo).
A população de um inseto nunca é
constante. “O problema é que quando os produtores colocam veneno nas plantas,
além de matar a praga, estão eliminando também o inimigo natural da praga”,
comentou. Para o palestrante não é porque existe um inseto na hidroponia que
isto significa que ele está se alimentando da planta.
Os inimigos naturais podem ser
predadores que é quando um animal come o outro para sobreviver, por exemplo
besouros, percevejos, moscas, tripes, ácaros e aranhas. Também podem ser
parasitóides, quando se hospedam no inseto para se alimentar e acabam por matar
o hospedeiro. Dois exemplos são as microvespas e algumas moscas. Ou então os
inimigos naturais são patógenos, que causam doenças ao inseto, atrasando o
desenvolvimento ou mesmo matando o animal. Como exemplo de patógenos existem
fungos, vírus, bactérias e nematóides.
Como exemplos de pragas que podem
ser resolvidas com controle biológico, o palestrante citou o tripes, que
transmite virose às plantas e pode ser controlado com fungos bovéria e
metarriso, além de predadores como ácaros, outros tripes predadores e o
percevejo Orius, considerado por Paterno como o melhor inimigo natural de
tripes conhecido atualmente. O palestrante alertou que não é possível tratar
plantas que possuem o ciclo de crescimento curto (20 a 30 dias) como as
folhosas, por exemplo. Segundo ele, devido ao curto prazo, não dá tempo de os
predadores atuarem na praga.
Outra praga citada foi o pulgão,
que suga a seiva da planta e transmite o vírus do mosaico da alface. Para o
controle biológico do pulgão, Paterno aconselha a joaninha, as larvas dos
crisopídeos, dos serfídeos e de micro-vespas. Estes animais, quando adultos,
comem néctar e pólen, por isso, o palestrante ensina que é necessário ter
determinados tipos de flores na casa de vegetação para que os inimigos naturais
tenham o que comer na fase adulta.
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