Orius: principal
inseto no combate ao Tripes
O
desespero provocado com a chegada das pragas e o medo de perder a produção leva
muitos produtores, em todas as formas de cultivo, a utilizarem agrotóxicos, o
que pode aumentar ainda mais os problemas. O maior conhecimento do ambiente e o
entendimento da função de cada animal na plantação traz benefícios ao meio
ambiente, à saúde e até mesmo ao bolso. Entender que “praga” é um conceito
econômico e não biológico, que se refere apenas a situação de insetos que
provocam grandes perdas na produção, é importante para achar soluções e evitar
que super populações se criem e tragam prejuízos.
Tubo para coleta de
insetos pela sucção
“Observe cada inseto que está na sua
plantação” sugere o doutor em entomologia, Luis Cláudio Paterno Silveira, em
palestra no 2º Encontro de Hidroponia. Silveira admite que para muitos isso
pode parecer loucura e complicado, mas assim é possível perceber se aquele
inseto que pousou na planta está fazendo bem ou mal à plantação, se é uma praga
ou um inimigo natural das chamadas pragas. Um predador possui ferramentas para
dominar a presa, e através destas ferramentas se pode identificá-lo. As pernas
são mais grossas e muitas vezes com espinhos, alguns possuem ferrão e outros
tem um rostro (bico) mais curto que os fitófagos (aqueles que se alimentam das
plantas), com apenas 3 segmentos.
Percevejo fitófago:4
segmentos no rostro
Optar pelo
controle biológico exige planejamento, principalmente quando a cultura é de
ciclo curto, como a alface. Existe uma defasagem entre o tempo que o inseto
fitófago começa a atacar a plantação até que o seu predador apareça na estufa,
por isso o inimigo natural já deve estar morando dentro da casa de cultivo ou
ser imediatamente adquirido pelo produtor e liberado na plantação. Essa última
prática esta começando no Brasil, embora já seja bastante comum na Europa,
Estados Unidos e Ásia Central.
A sensibilidade
dos animais aumenta a medida que subimos cada nível dentro da cadeia alimentar,
por isso quando o agrotóxico é aplicado o primeiro a morrer é o inseto predador
(entomófago). A conseqüência será a super população dos fitófagos, que se
tornarão pragas. O entomólogo considera o defensivo agrícola apenas um
paliativo no combate aos insetos, pois “achar que resolveremos tudo com esses
produtos é subestimar a capacidade evolutiva desses insetos ao longo de 350
milhões de anos”. Uma planta desequilibrada em nutrientes dá sinais aos
insetos, como um maior brilho de sua superfície, o que significa que há
aminoácidos disponíveis, importantes para os insetos que não consegue quebrar
moléculas de proteínas em aminoácidos.
Larva do Sirfídeo ou
Fevereiro
Em algumas
espécies quem se alimenta é a larva do inseto, como é o caso do Fevereiro ou
Mindim-Mindim, voraz devoradora de pulgões. Em contrapartida o inseto adulto se
alimenta apenas de néctar e pólen. Para manter estes e outros predadores sempre
por perto o ideal é plantar outras espécies dentro ou no entorno da estufa.
Plantas que produzem flores são as mais indicadas, por servirem também como
alimento para alguns insetos adultos. No entanto, não é qualquer planta que
pode ser usada. O entomólogo aconselha a colocar a planta escolhida em lugar
isolado e observar que tipo de insetos aparecem nela.
ABELHAS
As
abelhas não participam do processo de controle biológico, mas tem importante
papel polinizador. Quando o cultivo é feito em ambiente protegido, como na
maioria dos casos dentro da hidroponia o vento não tem como polinizar. O hábito
de comprar colméias e colocá-las na plantação é bastante comum na Europa e
Estados Unidos, sendo este o negócio mais lucrativo para os apicultores. O
biólogo e pesquisador de abelhas, Geraldo Moretto, professor da FURB diz que no
Brasil a realidade é outra: “dificilmente se encontra pessoas a procura dessas
abelhas com finalidade de polinização, os que procuram geralmente são hobbistas”, conta Moretto.
Segundo
pesquisa realizada por Daniel Nicodemo, professor da UNESP/Jaboticabal e
divulgada na revista Campo&Negócios de novembro, a polinização feita pelas
abelhas africanizadas Apis melifera
garante aumento da frutificação, tamanho e qualidade dos frutos. A pesquisa foi
realizada com abóboras cultivadas no solo e mostrou uma frutificação 55% maior
quando houve 16 visitar em comparação a 2. Não houve frutificação, quando as
abelhas não apareceram. A produção também aumentou, subindo de 4 kg (para cada 100 flores)
quando houve 2 visitas para 66 quando foram 16. A maior uniformidade dos
frutos também é conseguida com a polinização das abelhas devido ao hábito de
sobrevoarem por mais tempo o mesmo fruto, conta Mitsuo Shibata estudante de
agronomia que pesquisa morangos hidropônicos.
A Apis
melífera é a única espécie que possui ferrão e por isso não é ideal
para ser colocada na estufa, no entanto há outras 300 espécies só no Brasil,
além de polinizar algumas podem produzir mel, conta Moretto. O pesquisador
alerta sobre a conservação da colméia “o período em que uma colméia deve ficar
na estufa deve ser curto, geralmente ela enfraquece e pode ser perdida caso não
haja esse cuidado”. Uma medida para prolongar o tempo da colméia na estufa e a
utilização de plantas (com flores) que forneçam alimento a esses insetos.
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